16 de setembro de 2011

Professores de Minas Gerais decidem continuar greve que completa cem dias na sexta-feira

Professores em greve da rede pública estadual decidiram nesta quinta-feira (15) pela manutenção da paralisação. Os educadores se reuniram no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), onde definiram os rumos do movimento, que completa 100 dias na sexta (16). Após a decisão, os professores saíram em passeata rumo ao centro da capital mineira.

De acordo com a coordenadora do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais), Beatriz Cerqueira, a última proposta feita pela administração do governador Antonio Anastasia (PSDB), no dia 31 de agosto, não atende às reivindicações da categoria. Segundo ela, conforme o que foi apresentando, não há diferenciação entre quem acabou de ingressar na carreira e o profissional experimentado, ou ainda àqueles com nível superior ou com pós-graduação.

Texto enviado pelo Executivo estadual à Assembleia Legislativa propõe vencimento básico de R$ 712,20, a partir de janeiro de 2012, a quem recebia abaixo desse valor e tem o ensino médio, para uma jornada de 24 horas semanais. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação, o governo mineiro paga R$ 1.122 para a mesma carga horária e escolaridade, porém na forma de parcela única, conhecida por subsídio. Quem não optar por essa modalidade atualmente praticada pelo Estado passaria a perceber o vencimento básico mais benefícios.

Para governo de MG, greve é "política"

A secretária de Educação Ana Lúcia Gazzola afirmou ao UOL Educação na quarta-feira (14) que a paralisação tem como pano de fundo interesses políticos.

Para ela, o viés político do movimento se evidenciou por conta de a classe ter sido atendida na maioria de suas reivindicações. “Se eu tenho uma pauta [de greve], a pauta é cumprida e eu permaneço em greve, é evidente que tem uma agenda que não é explícita, não tem outra explicação. (...) A cada pauta atendida, vem (o pedido de) uma nova pauta. Isso só pode ter base política”, afirmou.

Ainda conforme a secretária, o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União deram pareceres favoráveis à política de remuneração praticada pelo governo estadual em relação aos salários dos professores.

De acordo com último levantamento feito pela Secretaria de Estado de Educação, 46 escolas estão totalmente paradas (equivalente a 1,4% em um total de 3.779 escolas). A pesquisa demonstra também que menos de 10% dos 183 mil professores estão parados, conforme a assessoria do governo. No entanto, segundo o Sind-UTE, a paralisação atinge 50% dos trabalhadores na educação.

A coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, rebateu as acusações da secretária. Segundo ela, o governo do tucano Antonio Anastasia age de forma análoga a um “regime totalitário’.

“O governo nunca vê motivo para que a categoria (possa) reagir aos baixos salários pagos por ele. Nós temos aqui um regime de governo que tem características de um regime totalitário. Há necessidade de colocar o debate em um ponto de vista ideológico no sentido de destruir as pessoas que discordam do governo”, afirmou.

Ainda conforme a dirigente, o movimento grevista está apenas “reagindo aos baixos salários”. “Nós publicamos os contracheques das pessoas. Estamos reagindo ao empobrecimento que a categoria tem sido submetida durante toda a gestão do PSDB em Minas Gerais. Começou com Aécio [Neves] e está se aprofundando com Anastasia”, frisou. A categoria vai se reunir novamente, na próxima terça-feira (20), na capital mineira, para avaliar o movimento grevista.

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